quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A cidade dos corvos
Há quem diga que esta cidade tem dois milhões de habitantes, há quem diga que é o dobro. Não tem importância, os corvos são mais ainda e ninguém os conta. As árvores também abundam na cidade, de este a oeste, e com uma diversidade de espécies que vós, portugueses, não podeis avistar sequer nos parques naturais do vosso país. Pelo que não lhes falta poiso. Chega o fim da tarde, essa hora a que antigamente se chamava “entre cão e lobo”, e nuvens negras atravessam o céu, na direcção Leste. Pela madrugada, entre lobo e cão, dirigem-se novamente para Oeste. Provavelmente existe uma explicação singela para esta migração diária. Aliás, esta travessia geográfica também se traduz na psicologia dos romenos cosmopolitas. Durante o dia comportam-se como um povo mais ou menos ocidental, depois regressam a casa. Um novo dia começa e lá voltam eles a passar-se mais ou menos para o outro lado. É um ziguezague permanente: no discurso, europeus, na prática orientais. É um pouco como vós: quando olhais para a carteira só pensais em ser europeus; mas quando se trata de fazer despesa…
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