quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tolstói: Anna Karénina


Tenho inveja de quem nunca leu Tolstói: ainda lhe resta essa grande maravilha nesta vida que é descobri-lo.


Todos os grandes artistas criam o seu mundo privado; Tolstói (re)criou uma pluralidade de mundos privados, onde palpita o mundo de muita gente (o meu certamente). Qualquer pessoa que esteja alfabetizada e que viva neste mundo está habilitada a sentir prazer estético: Tolstói é o g-spot da literatura. Ler Anna Karénina de fio a pavio é como viver o amor desta vida, lê-lo por capítulos é ter belos namoros, e lê-lo parágrafo a parágrafo é um gozo ainda maior: as mais belas tardes (ou noites, ou manhãs) de amor. O mais belo parágrafo de arranque que conheço está em Anna Karénina (uma família em alvoroço, uma casa de pernas para o ar, a mulher enganada, destroçada e o marido a tentar lembrar-se de um belo sonho que se desfaz enquanto desperta). O mais belo episódio de que me lembro também é de Anna Karénina: Levin no lago a patinar para “Kitty”. A história de amor de Levin e “Kitty” é a única que merece ser contada e eis que já não tenho espaço para explicar porquê!
(2010)

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