quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
batalha de almograve
Joana, a Valorosa Pólipa, e Jaime, o Pequeno Batráquio, numa terrível batalha que ontem teve lugar na praia de Almograve, acrescentaram mais uma jornada de glória à Invencível Armada Silvestre (IAS!), depois de conquistarem uma importante fatia de território ao Atlântico, derrotando o Temível Exército da Maré Alta (TEIMA). O confronto, que teve início pela manhã e se prolongou até ao fim da tarde, deixou exaustos os nossos rudes soldados, que esgotaram a ração de combate (seis sandes, duas bananas, quatro pêssegos, dois pacotes de leite achiclatado, um garrafão dáugua e dois rajás). Choram-se também algumas baixas entre o IAS!: uma barbatana ficou viúva, depois do seu par ser devorado pela TEIMA; os óculos escuros ficaram zarolhos de uma lente, que o soldado desconhecido pisou; umas cuecas constiparam-se, depois de se terem molhado sem necessidade; e a boneca Lúcia, escudeira de Joana, a Valorosa Pólipa, ficou atrozmente mutilada de um braço, em resultado de ter sido enviada consecutivas vezes contra um rochedo, depois de ter participado na construção de uma trincheira, servindo de pá. A estratégia inicial da IAS! foi muito mal pensada. Felizmente ainda foram a tempo de mudar de táctica, de outro modo teriam sofrido uma derrota humilhante. A verdade, nua ou em calções, é esta: comportaram-se como uns maricas. Porque a áugua estivesse fria e molhada, porque fizesse vento, porque o sol estivesse tapado, porque houvesse despojos de batalhas anteriores, os nossos soldados ficaram arreliados. Tadinhos, enrolaram-se nas toalhas e cobriram-se de areia. Apercebendo-se da fraqueza do adversário, a TEIMA atacou com fanfarronice, uma onda aqui, outra vaga ali, e foram conquistando terreno. A IAS! foi arrepiando terreno, recuou, recuou… até ficar entalado entre a espada e o rochedo. Jaime, o Pequeno Batráquio, ainda arreliado por lhe ter sido vedado o acesso a equipamento de mergulho, molhou então os dedos pés. Andava ele a empurrar a areia quando foi atacado nas canelas, à traição. Ripostou. Pregou um valente pontapé no traseiro de uma onda que se desfez em espuma. Depois, vindo já outra espetou-lhe uma bofetada, e não contente com isso a próxima levou uma cabeçada, que lhe provocou uma amolgadela. Depois de destruir uma dúzia de vagas com dolorosos pontapés e golpes de karaté, deu um mergulho, provocando um buraco na TEIMA. Deu-lhe com tanta força que a TEIMA, cada vez mais fraca, e a sofrer baixas sucessivas, bateu em retirada. Baixou a garimpa. Saiu de fininho. Findo o trabalho da artilharia, Joana, a Valorosa Pólipa, entrou em acção. Andou a apanhar pedrinhas e conchinhas, disparou no flanco do inimigo e depois assaltou as divisões de poças e laguinhos onde a TEIMA se refugiou, ficando à mercê da IAS! Fazendo jus ao seu epíteto de pólipo, Joana procedeu então ao saque dos vencedores, estudando nos rochedos as criaturas e o modo de vida no país Atlântico, já que a TEIMA tinha ficado desguarnecida. “TEIMA, mas não ganha” foi o grito de vitória da IAS!, ao abandonar a praia.
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