segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

msg: primeiras imagens

O vaivém Bañeira I, a bordo do qual se encontram os astronautas nudistas Jaime e Joana Oque, emitiu hoje as primeiras imagens do espaço, na órbita da terra. Com a ajuda do comandado Jaime Oque, cujos olhos serviram de espelho reflector, a comandante da Missão Sem Grão captou imagens com grande nitidez de anti-partículas que copiam acontecimentos em terra. Embora estas anti-partículas se dispersem umas das outras ao entrarem no espaço orbital, a proximidade a que o vaivém se encontra da fronteira com a atmosfera permitiu a Joana Oque reproduzir na sua câmara Ma’Laika uma série de ocorrências que, depois de terem lugar em terra, se anti-materializam. Com a ajuda de uma lente convexa, que permite ampliações em grande escala, Joana Oque fixou a câmara no globo ocular esquerdo do comandado Jaime Oque, imobilizado em frente a uma escotilha. As primeiras imagens recebidas pela agencia Aeiou, que o Canal Neo-Espacial transmite em primeira mão, são por enquanto de curta duração (entre 4 e 9 segundos por cada plano). Tal deve-se à grande dificuldade do comandado Jaime Oque em manter a íris do olho fora do campo de visão, ou seja, por trás da pálpebra, mantendo-a ao mesmo tempo aberta. “Tentámos prender as pálpebras com uns arames”, afirmou a comandante Joana Oque, “mas os vasos sanguíneos do olho ficam irritados, o saco lacrimal lubrifica o olho em excesso e a imagem desfoca.” Para além das interferências na imagem causadas por uma finíssima trama escarlate de vasos sanguíneos, o segundo problema prende-se com a natureza das imagens em si. Constituída por minúsculas antipartículas aglomeradas, cada uma destas imagens aparenta estar em movimento, uma vez que as antipartículas saltitam e trocam de posição com as antipartículas vizinhas, provocando uma indefinição nas figuras, assim como um constante efeito de sístole e diástole. “Como se estivessem a respirar”, comentou ao vivo Joana Oque, espantada pela forma como as imagens “aumentam e diminuem de tamanho”. Embora a qualidade técnica da transmissão seja óptima, da mesma forma que é surpreendente o método de captação encontrado, a comandante mostrou-se desiludida. “Outra vez missão com grão”, desabafou. As dificuldades encontradas não impedem que se observe, entre as imagens transmitidas, o braço de uma criança a brincar com um pato de borracha à tona da água entre colinas de espuma, um guarda-chuva estampado numa toalha pendurada no cabide de uma porta, um pente que desliza por uma mecha de cabelos em alvoroço, uma criança de expressão indignada a cruzar os braços e uma colher de sopa a voar em direcção a uma boca com os lábios teimosamente (assim parece) fechados.

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